O SINO A BADALAR
Ali naquela cama quanto eu sonhei...
Quanto.
Quanto lá quietinha eu fiquei.
Fiquei ouvindo o silêncio.
Na madrugada era eu e o nada.
Aí um sino badalava a cada hora.
Junto com o sino eu ia embora.
Deixava a cama.
Voava pela amplitude.
Isso foi na minha juventude.
...
Passaram-se os anos e trouxeram mudanças.
Trouxeram coisas boas.
Minhas crianças.
Então meu mundo se encheu de cor.
Eu experimentei plenamente o amor.
...
Hoje em dia quando lá estou eu paro pra ouvir o silêncio de novo.
O sino badala.
...
Parece que nada muda naquele lugar.
Só eu é que mudei.
Ou nem mudei tanto?
...
O sino a badalar... fico a pensar...
Deixo a madrugada se arrastar.
Sonia M. Delsin
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