sábado, 29 de março de 2008



OUTONO NO PARQUE

Meu chapéu sobre o banco a descansar.

Os sons que ouço...

Como vou contar?

De uma água que ao meu ladinho está a cantar?

Das crianças a brincar, a gritar?

E maritacas,

papagaios,

bem-te-vis...

... nas flores quanto colibris.

Ergo o olhar.

Uma folha que está caindo chega quase a me tocar.

Abaixo os olhos.

O chão é um tapete de folhas velhas.

Fico a admirar.

As árvores estão se desnudando.

O horário de fechar o parque está chegando.

Meu chapéu eu vou pegando.

Sigo calmamente a caminhar.

Esta noite com o parque vou sonhar.

Com a paz deste lugar.

Sonia Delsin

sexta-feira, 28 de março de 2008


MORTA-VIVA

O que mais me doeu foi teu gelado olhar.

Como me fazia chorar!

Eu pensava.

Onde foi parar tanto amar?

O que mais me doeu foi a distância que conseguiu entre nós se instalar.

Naquele tempo eu era uma morta-viva.

Vivia a penar.

As noites costumava andar.

Como conseguiste me machucar!

Tão fundo me feriste sem notar...

Mas o tempo... ah, o tempo aos poucos tudo consegue ajeitar.


sonia delsin

domingo, 16 de março de 2008



PÁRA, TEMPO

Se eu pudesse ordenar ao tempo.

Ó, se eu pudesse ordenar!

Daria ordens ao tempo.

Para parar.

Aquele momento eu queria imortalizar.

Morreu meu melhor momento?

Flutuou no vento?

Tudo vira lembrança, pensamento?

Não. Engano meu.

Não morreu.

Volto a ele.

Meu coração dispara.

Dispara.

Se aquieta.

Quase pára.

Por aquele momento anos eu esperei.

E para a vida inteira guardei.

Quando a saudade muito grande ficar a ele vou voltar.

E ele conseguirá a fornalha da minha alma alimentar.

Sonia M. Delsin

quinta-feira, 13 de março de 2008


POEMA LEVE

A vida é breve.

O meu poema deve ser leve.

Ele quer contar de algo que está me estrangulando a voz.

Oralmente eu não diria.

Mas posso contar numa poesia.

Estou mais apaixonada a cada dia.

Sinto que minha vida não é mais vazia.

Quem diria?

Quem diria?

O que estava em preto e branco tu com teu jeito simples está colorindo

Me pego rindo...

De mim, do mundo.

Tudo muda numa fração de segundo.

Não sei se o poema tem a pretendida leveza.

Mas o que estou sentindo tem beleza.

Sonia Delsin