quinta-feira, 28 de junho de 2007



JANELA ABERTA

A janela se abria pro sol entrar.

Suas folhas balançavam ao vento.

Naquele lugar sempre ventava.

A cortina esvoaçava.

Meu ser da cama voava.

Voava pra um salão onde eu dançava.

Voava pra um gramado verde onde eu rodopiava.

Voava pra um mar azul onde eu me deleitava.

Pra uns braços que me estreitava.

Claro que eu sonhava.

E a janela aberta me trazia o sol.

Me trazia um perfume de rosas.

Me trazia um perfume de jasmim.

Vinha do jardim.

Tantos anos isto se deu.

Marcou o meu “eu”.

Neste mundo cá fora eu lembro aquele mundo lá de dentro.

Os meus sonhos de menina-moça.

Os meus desejos.

De estar aqui caminhando.

De estar dançando.

De estar vivendo.

E estou...

Se houve pedras em meu caminho...

tanta flor existiu.

Aquele ser que deitado aspirava a vida a todos os ventos resistiu.

Estou aqui, vida.

Estou me deliciando com o que quase me foi irremediavelmente roubado.

No passado.

O meu viver.

Só sabe disso quem chegou bem pertinho do morrer.

Janela aberta.

Da alma, do meu peito que estufo contente.

Resisti bravamente.


Sonia M. Delsin

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