
DESCENDO O RIO...
Eu ia descendo o rio com a canoa.
Chapéu na cabeça.
Tão bonitinho.
Uma linda vestimenta.
A lembrança me alimenta.
De que tempo é isto, ó, Deus?
Que lembro tanto.
Lembro até a água arrepiada.
Eu a dar risada.
De nada.
O canto de um passarinho.
Meu olhar no ninho.
Preso à margem.
Estou presa à imagem.
Do que fui um dia.
É fantasia?
Mas se a lembrança do rio me chega?
E junto com ela o cheiro da canoa.
Parece que no ouvido ressoa.
O canto da água.
O canto do remo.
O remador parece que me volta os olhos.
São negros.
Os olhos.
A pele trigueira.
Ele me sorri.
Diz: chegou, princesa.
Desço.
Não da canoa.
Do sonho.
Estive sonhando.
Sonia M. Delsin
Nenhum comentário:
Postar um comentário