terça-feira, 3 de julho de 2007


DESCENDO O RIO...

Eu ia descendo o rio com a canoa.

Chapéu na cabeça.

Tão bonitinho.

Uma linda vestimenta.

A lembrança me alimenta.

De que tempo é isto, ó, Deus?

Que lembro tanto.

Lembro até a água arrepiada.

Eu a dar risada.

De nada.

O canto de um passarinho.

Meu olhar no ninho.

Preso à margem.

Estou presa à imagem.

Do que fui um dia.

É fantasia?

Mas se a lembrança do rio me chega?

E junto com ela o cheiro da canoa.

Parece que no ouvido ressoa.

O canto da água.

O canto do remo.

O remador parece que me volta os olhos.

São negros.

Os olhos.

A pele trigueira.

Ele me sorri.

Diz: chegou, princesa.

Desço.

Não da canoa.

Do sonho.

Estive sonhando.


Sonia M. Delsin



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