terça-feira, 31 de julho de 2007


UM GIRAMUNDO

Um giramundo como eu.

Assim é o refrão meu.

Um giramundo.

Um moribundo.

Um vagabundo.

Poeta de outro mundo.

Se sou feliz completamente.

No instante seguinte estou diferente.

Sou poeta e poeta é assim.

É absorvente.

Poeta é um ser que em tudo está presente.


Sonia M. Delsin



É TRISTE, MAS É BELO

O sol parece mergulhar no mar.

Tenho marejado o olhar.

É triste, mas é belo.

Ó beleza!

Que tristeza!

Ver o sol partir.

Eu vi você ir.

Por isso estou a chorar.

Tenho o coração a sangrar.

Mas as feridas sempre podem cicatrizar.


Sonia M. Delsin




É TEU

É teu meu amor.

Meu coração.

É teu.

Pena que nunca quis ser meu.

Pena que nunca entendeu.

Mas uma hora eu me canso.

Uma hora eu ainda te esqueço.

Sofrer assim não mereço.


Sonia M. Delsin




MEU OLHAR ARDENTE

Meu olhar que lhe busca e não consegue lhe encontrar.

Meu olhar.

Ele queima a lhe procurar.

Passa por tanto lugar.

Meu olhar.

Se imaginasse como anda este meu coração.

Se imaginasse como canto chorando nossa canção.

Mas de que valeria se soubesse?

Não correria pra meus braços.

Não me iludo.

Não elevo meu coração em prece.

Acabou o nosso tempo de amar.

Está na hora de parar de sonhar.


Sonia M. Delsin






MEU QUERIDO AMIGO

Amigo.

Quantas vezes nos colocamos em perigo.

A vida é assim.

Nos testa.

Não porque nos detesta.

Ela apenas nos explora. Tenta ver o que nos aflora.

Não estou indo embora.

Apenas vejo à minha frente um “stop”.

Um grande sinal.

Um bem pode se tornar um mal.

Vamos cultivar esta amizade sensacional.


Sonia M. Delsin




INTUIÇÃO

É do meu coração.

Do meu ser.

Esta coisa de prever o que vai acontecer.

Fico envolvida com esta vida.

E com outras.

E com tudo.

Sou assim.

Meio intuitiva.

Sensitiva.

Nem um pouco objetiva.


Sonia M. Delsin


DESDENHANDO

A raposa.

O olhar.

Uvas maduras...

O cobiçar.

Fácil desdenhar o que não se pode conquistar.


Sonia M. Delsin




ALICERCE DE PEDRA

Os ventos não vão carregar.

Não são castelos no ar.

Tem alicerce.

Alicerce de pedra.

Este amor tem força demais.

Tem tudo de bom e tem paz.

Eu beijo vocês dois.

Meus amores.

Peço que Deus sempre continue a abençoá-los.

Peço pra que nunca deixe de olhá-los.

Meu filho querido, você tem sapiência e paciência.

Sempre soube das coisas.

Entre as flores soube escolher.

No jardim da vida você tem uma companheira linda e ela encanta o seu viver.


Sonia M. Delsin


sexta-feira, 27 de julho de 2007




OMBRO DE AÇO

Em cima de um ombro de aço um saco de penas.

Um saco de penas apenas.

Tanto tempo em busca de um sonho.

Mas os sonhos podem mudar.

Pode-se até deixar de sonhar?

Um olhar pode cortar.

Mas a vida vem sozinha consertar.

Assistir de cima de um muro?

Esconjuro.

Melhor o afeto e a ternura.

Uma alma pura.

E tudo pode mudar...

O perdão consegue nos elevar.

Tudo por fim consegue se ajeitar.

Sonia M. Delsin





A POETINHA CHORA

A poetinha chora.

Chora nesta hora.

Vê tanta coisa indo embora.

Ai, que saudade de outrora!

Sonia M. Delsin




FUGINDO PELA TANGENTE

A diferença entre o esperar e o encontrar estava na urgência.

Ele não conseguia acreditar que tudo pudesse melhorar.

Resolveu abandonar.

Como um jogo de xadrez inacabado...

Que sentido lutar tanto e não ver o jogo realizado?


Sonia M. Delsin



AMIGO!

Amigo, hoje eu quero teu ombro.

Teu ombro amigo.

A vida tem horas que nos coloca de castigo.

Ou não é a vida?

Somos nós mesmos que nos punimos?

Assim nos redimimos?

Amigo!

Eu quero que a lágrima caia.

Se importa que eu molhe sua camisa de cambraia?

Nossa! A lágrima rolou e caiu foi na minha saia.

Eu sei que nossos passos ficaram.

Que os tempos nos marcaram.

Eu sei que o dia nasce novo.

Eu sei que o mundo é mais velho que o ovo.

Amigo. Está inundado meu olhar.

Mas são lágrimas pra lavar.

Eu vivo dizendo que devemos sorrir.

Mas tem horas tão duras em nosso existir.

A tristeza não me bateu por mim mesma não.

Foi algo que ontem feriu meu coração.

Mas vai passar.

A situação daquela pessoa vai melhorar.

Eu sempre acredito que tudo acaba por se ajeitar.

É tão bom ter um ombro pra deitar quando precisamos chorar.


Sonia M. Delsin




DESLOCADA

Será que nasci em época errada?

Por que nunca posso fazer nada?

Vejo tanta gente atrasada.

Tantos dando mancada.

Tanta farofada.

Tanta gente amargurada.

Vejo gente arrumada.

E gente esfomeada.

Dá uma vontade de dar no tempo uma parada.

Em tudo dar uma organizada.

Mas qual!

O tempo segue igual.

Em quantos momentos invejo o animal irracional.


Sonia M. Delsin



quinta-feira, 26 de julho de 2007



ILHA DE MEL

Ilha.

Sou uma ilha.

Filha.

Sou uma filha.

Uma filha do sorriso do sol.

Sonia M. Delsin



terça-feira, 24 de julho de 2007


LAPIDANDO

Deus, eu sei que a vida está me lapidando.

De pedra bruta que eu era está me transformando.

A cada passo que estou dando.

Um pouco eu vou acertando.

Um pouco errando.

E vou seguindo em frente.

Em algumas horas sou tão covarde.

Noutras sou valente.

Sigo triste em alguns pedacinhos do caminho.

Em outros vou contente.

A maior parte do tempo eu sorrio, eu rio.

Eu canto.

Eu danço.

De viver eu não me canso.

Sempre que estou cansada encontro um remanso.

Um dia, há tantos anos eu fui a uma missa.

Era uma missa especial.

E nela foi aconselhado que fechássemos os olhos.

Que deixássemos nosso ser serenar e conseguíssemos imaginar que no colo de Deus estávamos a entrar.

Eu fechei o meu olhinho e fui me aconchegando em alguma coisa muito suave devagarinho.

Foi uma sensação tão gostosa de ninho.

De puro amor, puro carinho.

Nunca me esqueci.

E quantas vezes na vida a este colo bom eu recorri.

A vida vai sim nos lapidando.

Mas não seguimos sozinhos.

Tem sempre alguém nos ajudando.

Existem anjos trabalhando.


Sonia M. Delsin




DOIS SONHOS

Agora eu vivo aguardando a realização de dois sonhos.

Dois belos sonhos.

Um de te ver formado, filho amado.

E meio caminho já foi andado.

O outro de aguardar um neto chegar.

E isto creio que logo vai se realizar.

Uma árvore eu pude plantar.

Livros eu pude editar.

Procurei sempre viver pra amar...

Minha missão foi penosa?

Em alguns momentos achei a vida horrorosa?

Andei por um longo caminho em busca de sonhos.

E todos foram chegando.

Alguns, claro, eu fui enterrando.

Via que não valia a pena continuar sonhando.

Tenho outros sonhos também. A gente sempre tem.

Mas estes sonhos são exclusivos.

São do meu viver os sonhos decisivos.


Sonia M. Delsin





ABERTA EM PÉTALAS

A vida está aberta em pétalas.

A vida é esta rosa vermelha.

Este carmim.

A vida é um jardim.

Nem sempre suavidade.

Nem sempre um toque sutil.

Mas sempre útil.

Porque a vida é aberta em flor.

Fácil pra quem entende de amor.

É alegria, é dor.

Mas é caminho.

É aprendizagem na maciez e no espinho.

É aberta em pétalas...


Sonia M. Delsin





SEUS MEIGOS OLHOS

Azuis e serenos olhos.

Tão meigos sempre.

Como amo este seu olhar

que vive a me acariciar!

Filho, eu vi o azul de seus olhos

logo que neste mundo

você acabou de adentrar.

Quem tem uns olhos destes no seu caminhar

por mais dolorosos que sejam os espinhos

tudo consegue suportar.

Filho, sua mãe vive a lhe amar.

Foi em você

que eu encontrei a coragem pra continuar

quando meu mundo pareceu

despencar.

Embaixo de seu olhar eu encontro toda a força
que vivo a precisar.

Meu amor. Você é bálsamo pra minha ferida.

É o amor da minha vida.


Sonia M. Delsin





VIVER É SIMPLES

Quem disse que é complicado viver?

Quem disse que nascemos pra sofrer?

Viver é simples.

Não é deixar o tempo correr.

Nem tentar alcançar o que não podemos ter.

Cada qual recebe uma maletinha quando faz esta viagem.

E o segredo é bem este.

Saber entregar, saber se dar.

Outros de suas maletas também vão nos entregar.

A vida é isto.

Um dar e receber.

Um receber e dar.

Simples não?

É saber somar, multiplicar.

Existem momentos de subtrair e dividir.

Mas não é uma equação matemática apenas.

Não são duras penas.

Viver é também observar.

No caminho do rio de nossa vida quantos trechos vamos atravessar!

Será que temos observado o caminho que temos trilhado?

É simples viver.

É deixar acontecer.

É plantar, é colher.

Notou o sorriso que existe no rosto de quem tem a capacidade de uma flor oferecer?

Você conseguiu me entender?


Sonia M. Delsin