quarta-feira, 8 de outubro de 2008

FEMININA


FEMININA

Ele dizia.

Gosto de teu jeito.

És tão feminina.

Tão mulher.

E uma menina.

Ele dizia.

Gosto de tua suavidade.

És feminina de verdade.

Ouvir tudo isso a enchia de felicidade.

Tudo se acaba.

Nesta vida tanta adversidade.

Ele nada mais diz.

E ela segue infeliz.


SONIA DELSIN

sábado, 23 de agosto de 2008



SE HOJE FOSSE ONTEM...

Ah, se hoje fosse ontem...

Eu não teria dado apenas um beijo.

Teria mostrado todo meu desejo.

Se hoje fosse ontem eu teria dito.

Eu teria escrito.

Tudo que não falei.

Ainda bem que existe o hoje pra consertar os erros de ontem e pra fazer melhor o amanhã.


sonia delsin

sexta-feira, 15 de agosto de 2008


VOU SEGREDAR NO TEU OUVIDO

Um dia te falei.

Vou um segredo te contar.

Tu sempre estiveste pronto a me escutar.

Me ouviste.

Ficaste a me olhar.

A me olhar.

Sabias que um caminho duro eu ia caminhar.

Estendeste a mão.

Assim com a suavidade de um anjo bom.

E fui contando outros.

Abrindo o peito.

Fui mostrando que tenho qualidades.

E defeitos.

Na intimidade encontramos uma grande verdade.

Nasceu uma grande amizade.

E um grande amor.

Sonia Delsin



terça-feira, 29 de julho de 2008


JUNTO AS MÃOS

Eu não sou muito de freqüentar templos.

Não que eu não goste.

Gosto.

Gosto de adentrar nas igrejas e ficar admirando os vitrais.

Sentindo a paz.

Gosto de igrejas silenciosas.

Entro, sento. Fico sentindo o lugar.

Tenho meu jeito de rezar.

Tantas vezes junto as mãos diante de uma rosa.

Admiro a beleza.

Agradeço a natureza.

Ou junto as mãos diante de uma cachoeira.

Agradeço o criador.

Sua obra de amor.

Falo com Deus dentro do coração.

É minha forma de oração.



SONIA MARIA DELSIN


terça-feira, 8 de julho de 2008


“ABANDONAR O CAMPO DE BATALHA?”

Muitos diriam.

Não só corram, como procurem voar.

Abandonar esta terra?

Vivemos uma guerra.

É irmão matando irmão.

É tanta judiação.

Pior que bala de canhão.

É pais matando filhos.

Filhos matando pais.

Cadê a paz?

Uma criança inocente morre por causa de uma bala perdida.

Qual o sentido da vida?

Se eu não acreditasse em algo maior procuraria as pontas entregar.

Do campo de batalha me retirar.

Mas...

Mas, estamos aqui para viver.

Para ver.

Para aprender.

Existem razões ocultas em tudo que está a acontecer.

Vamos ter fé, meu povo.

Vamos construir um mundo melhor, um mundo novo.



SONIA DELSIN


sexta-feira, 13 de junho de 2008



ÚLTIMO BEIJO

Sinto um desejo quando lembro.

O último beijo.

Foi tão gostoso.

Tão perigoso.

Nós dois ali... a tarde avançando.

Nós nos amando.

Tinha um gosto de tudo aquele beijo.

De chegada.

De partida.

Por que será que não podemos viver juntos nesta vida?



SONIA MARIA DELSIN



sábado, 31 de maio de 2008





SOU PASSARINHO

Sou passarinho.

Passei... Voei.

Na tua vida por um breve segundo eu pousei.



SONIA DELSIN


quarta-feira, 28 de maio de 2008



EQUILÍBRIO

Foi preciso por tanta coisa passar para eu me encontrar.

Para aprender a moderar.

Na balança dois pratos e eu a olhar.

Agora sei ponderar.

Se bem que em certas passagens da vida costumamos questionar.



SONIA DELSIN





“O QUE O MUNDO ESPERA DE NÓS”

O que o mundo espera de nós?

Coragem?

Amor?

Paciência?

Eis a ciência.

Paciência.

Já paraste para pensar?

Refletir?

Como tem sido o teu existir?

Vives a chorar?

A rir?

És feliz?

Já perguntaste um dia: o que é afinal esta tal felicidade?

Te digo. Tens um grande bem.

É verdade.

Tens tua vida para viver.

Ninguém é tão pequeno que não possa aparecer.

Ninguém é tão grande que não possa desaparecer.

Vamos, minha gente.

Vamos com as lições da vida aprender.


sonia delsin



sábado, 17 de maio de 2008




DE JARDINS E DE ESTRELAS...

Se entrelaça no tronco da velha árvore a bela trepadeira.

Quer subir toda altaneira.

Estou visitando o jardim.

Bebo água... da torneira.

E caminho em frente.

Também sou valente.

Como a trepadeira.

Também busco alcançar.

Um lugar.

Neste mundo onde nem tudo se pode explicar.

Fico a pensar.

Buscamos sempre uma estrela.

E junto com ela, sonhamos brilhar.

Porque somos pedacinhos de uma eternidade que tudo consegue guardar.

Estamos dentro de um tempo que consegue nos transportar.


SONIA DELSIN

terça-feira, 6 de maio de 2008




MORREU?

Neste coração que se fechou o amor acabou?

Morreu?

Só cinzas restou?

Neste coração que tanto acelerou tudo se aquietou?

Morreu?

O disparar, o se inquietar?

Morreu o esperar?

A desilusão nunca vai passar?

Morreu?

Tantas vezes a pergunta.

Morreu?

O que aconteceu?

Por que este coração se transformou?

Por que ele nunca se conformou?

Morreu?

Quem sabe se isto é morte. Se é vazio.

Se é apenas e tão somente um coração que tenta aparentar-se frio?


SONIA MARIA DELSIN

domingo, 27 de abril de 2008



ERA MEU O TEU AMOR?

Era?

“Eras”.

Hoje enfim compreendo.

Tanto eu tentei.

Entender.

Por que precisei passar pelo sofrer?

Por que perder?

Hoje vejo que tudo tem uma razão de ser.

Tive teu amor?

Todo? Pleno?

Hoje encaro tudo de olhar sereno.

Não foi meu o teu amor.

Quem ama não promove tanta dor.


Sonia Delsin

terça-feira, 8 de abril de 2008



DIA REINVENTADO

Era preciso que aquele dia morresse.

Que fosse sepultado.

Era preciso um outro dia.

Um dia reinventado.

Dizer que o pecador se arrependeu do pecado.

Que foi mal amado.

Que teve um sonho.

Ah, coitado!

Devem ser demolidas as pontes do passado.

Deve aquele dia ficar morto, enterrado.

O brilho do novo enleva o dia morto.

E tudo fica em paz.

Pra que chorar ainda mais?


Sonia Delsin

segunda-feira, 7 de abril de 2008




AMORES QUE VEM, AMORES QUE VÃO

Amores que vem,

amores que vão.

Coisas do coração.

Amores que vem.

Quanta ilusão!

Dor, decepção.

Amores que vão.

Castelo espatifado no chão.

Pro céu estendida uma mão...

Amores que vem...

Amores que vão.


Sonia Delsin

quinta-feira, 3 de abril de 2008


POEIRA CÓSMICA

A barba dele alcançava a ponta do externo.

Já nem era mais branca de tão encardida.

Ele tinha uns olhos guardados numa caixinha de rugas como nunca vi igual na vida.

Tão plissada a pele que quase nem se via mais o negro da íris.

Mas existia e eu via.

Algumas verrugas no rosto e braços.

Ele trazia na boca um riso que nascera e morrera ali.

Era mais uma contração.

Mas eu queria acreditar que era um leve sorriso estagnado em sua face incinerada pelo sol ardente.

As cestas de lixo que se distribuíam pela pracinha ele não deixava de observar uma sequer.

O que encontrava comia.

Eu o vi certa vez a comer um restinho de iogurte com colher.

Ele remexia, comia.

Restinhos de refrigerante bebia.

Depois se sentava num banco qualquer.

Arrotava como se tivesse se deliciado com uma bela refeição.

Vi isto em cima deste chão.

E embaixo deste céu de meu Deus.

Que somos? Poeira cósmica?

Somos pó?

Tento encontrar o fio da meada e encontro um nó.

A refletir me coloco.

Me desloco.

Que somos perante o Universo?

O que somos nós?

sonia delsin

sábado, 29 de março de 2008



OUTONO NO PARQUE

Meu chapéu sobre o banco a descansar.

Os sons que ouço...

Como vou contar?

De uma água que ao meu ladinho está a cantar?

Das crianças a brincar, a gritar?

E maritacas,

papagaios,

bem-te-vis...

... nas flores quanto colibris.

Ergo o olhar.

Uma folha que está caindo chega quase a me tocar.

Abaixo os olhos.

O chão é um tapete de folhas velhas.

Fico a admirar.

As árvores estão se desnudando.

O horário de fechar o parque está chegando.

Meu chapéu eu vou pegando.

Sigo calmamente a caminhar.

Esta noite com o parque vou sonhar.

Com a paz deste lugar.

Sonia Delsin

sexta-feira, 28 de março de 2008


MORTA-VIVA

O que mais me doeu foi teu gelado olhar.

Como me fazia chorar!

Eu pensava.

Onde foi parar tanto amar?

O que mais me doeu foi a distância que conseguiu entre nós se instalar.

Naquele tempo eu era uma morta-viva.

Vivia a penar.

As noites costumava andar.

Como conseguiste me machucar!

Tão fundo me feriste sem notar...

Mas o tempo... ah, o tempo aos poucos tudo consegue ajeitar.


sonia delsin

domingo, 16 de março de 2008



PÁRA, TEMPO

Se eu pudesse ordenar ao tempo.

Ó, se eu pudesse ordenar!

Daria ordens ao tempo.

Para parar.

Aquele momento eu queria imortalizar.

Morreu meu melhor momento?

Flutuou no vento?

Tudo vira lembrança, pensamento?

Não. Engano meu.

Não morreu.

Volto a ele.

Meu coração dispara.

Dispara.

Se aquieta.

Quase pára.

Por aquele momento anos eu esperei.

E para a vida inteira guardei.

Quando a saudade muito grande ficar a ele vou voltar.

E ele conseguirá a fornalha da minha alma alimentar.

Sonia M. Delsin

quinta-feira, 13 de março de 2008


POEMA LEVE

A vida é breve.

O meu poema deve ser leve.

Ele quer contar de algo que está me estrangulando a voz.

Oralmente eu não diria.

Mas posso contar numa poesia.

Estou mais apaixonada a cada dia.

Sinto que minha vida não é mais vazia.

Quem diria?

Quem diria?

O que estava em preto e branco tu com teu jeito simples está colorindo

Me pego rindo...

De mim, do mundo.

Tudo muda numa fração de segundo.

Não sei se o poema tem a pretendida leveza.

Mas o que estou sentindo tem beleza.

Sonia Delsin


domingo, 27 de janeiro de 2008



EMBAIXO DA ROSEIRA

Não passamos a vida inteira embaixo da roseira.

Aspirando o perfume da rosa.

Passamos o tempo todo sob o clarão do lume?

Sabe qual o sonho do vaga-lume?

É ser uma estrela.

A mais luminosa.

Caminhamos, uma grande montanha escalamos.

Não desanimemos.

Um dia chegaremos.

Sonia Delsin